Desesperança: das causas à terapêutica

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Thaís Santiago Barros

Dentre as causas relacionadas a desesperança, há àquelas de cunho familiar e que podem ser verificadas em situações como: 1) os traumas vivenciados pelo feto na experiência pré-natal, em que mães afetivamente indisponíveis não promovem uma relação de convivência afetuosa e de comunicação positiva com o feto; 2) relações familiares pouco afetivas, conflitos familiares, pais perfeccionistas e críticos, superproteção materna, depressão parental, transmissão familiar de crenças depressogênicas.

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Por outro lado, a desesperança apresenta causas que remontam as experiências do espírito e que, por sua vez, ficam registradas em sua memória espiritual. Significa dizer que as experiências vividas, intelectual e moralmente, pelos indivíduos em suas reencarnações ficam gravadas no perispírito, de maneira que em sua atual encarnação, estímulos socioambientais podem desencadear desequilíbrios advindos da ressonância com àquelas experiências.

gravataNesse caso, a desesperança é vista como uma doença cármica, ou seja, como um sintoma relacionado às faltas do espírito – em razão de suas experiências pregressas ou atuais – cometidas a si mesmo, aos seus semelhantes e ao meio socioambiental em que esteve inserido, e que aguardam retificação. Essa é a Lei de Causa e Efeito, pela qual todos receberão, inevitavelmente, de acordo com o que tiverem oferecido. É por conta desse processo que algumas pessoas podem não cumprir as provas a que são submetidas e agravarem o estado de doença da alma.

A aplicação de algumas práticas terapêuticas pode amenizar o sofrimento psíquico daqueles que não veem mais saída para a solução de seus problemas.

A Psicologia sugere algumas técnicas facilmente empregadas por qualquer pessoa: 1) a escuta poderá auxiliar esses indivíduos a buscarem recursos psíquicos para processarem mentalmente os estímulos causadores do sofrimento; 2) pensar e escrever uma lista de razões para viver ativará um efeito cognitivo de reavaliação das crenças negativas como: “não vale a pena viver”, “não vejo mais sentido na minha vida”, “não tenho motivos para lutar”, etc.; 3) estratégias de autocontrole dirigidas ao aumento da flexibilidade cognitiva (por intermédio do desafio de cognições de desesperança e da identificação dos pontos fortes e das crenças nucleares positivas); 4) exercícios de tolerância à ansiedade em conflitos interpessoais; 5) emprego de comportamentos alternativos, através do estabelecimento de metas realistas e tarefas comportamentais que demonstrem a capacidade de mudança; 6) utilização de fatores sociais de apoio, incluindo métodos para aumentar o prazer e o envolvimento em atividades agradáveis; 7) adoção de uma postura de resolução de problemas; 8) busca de regularidade dos horários diários para restaurar padrões normais do sono e da energia.

psicografia-intermediarioDentre os recursos anotados pela Doutrina Espírita para que o espírito se reavive em esperança e supere o mal que provocou em si mesmo encontra-se: 1) o arrependimento, a resignação e a submissão às leis divinas; 2) a educação espiritual no processo de reforma íntima do ser; 3) a prece visando o estabelecimento da ligação mental com o anjo guardião e com os espíritos amigos; 4) o recurso do trabalho em prol da evolução do meio em que vive, sendo considerado um dos principais meios de purificação da intimidade humana; 5) outros tratamentos baseados nos recursos espirituais, como a fluidoterapia, a desobsessão, o perdão dos ofensores, a prática do bem e do amor, a renovação de propósitos, o fortalecimento da fé, a meditação centrada na consciência, a prática da caridade.

A partir das práticas acima sugeridas, resultantes das contribuições da Psicologia e do Espiritismo, a desesperança dará lugar a um sentimento profundo de gratidão a Deus e a natureza, pois, “a medida que o espírito progride e que os seus sentimentos se depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza”  (Questão 1004 do Livro dos Espíritos).

 Artigo relacionado ao autor: DA CULPA À REPARAÇÃO: mecanismos para o aprimoramento moral

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7 Comentários

  1. Dar significado a vida e a grande busca. O texto e um verdadeiro farol iluminando os desvios de rota.

    1. Concordo com você, cara amiga. Acho que o texto foi de imensa contribuição para aqueles que precisam de alento no coração.

    2. Prezada Marinice, muitíssimo obrigada pela sua contribuição. Palavras inspiradas na sensatez! É isso mesmo. Pessoas desesperançadas perderam o sentido da própria existência e, consequentemente, a direção a seguir. Para reencontrar o significado da vida é preciso se perguntar: “Qual é mesmo a minha rota? Quais as situações, as emoções e os pensamentos que tem me desviado dela?”. Deixamos a dica. Grande abraço!

  2. É um alívio ler esse texto. Espero que essas palavras possam ajudar aos que necessitem. Meus parabéns e obrigado por escreve-lo.B.N.A.

    1. Roberto,
      Muito obrigada. Também espero que, de alguma forma, essa pequena reflexão sobre a desesperança auxilie quem hoje a vivencia.

  3. Aliar ciência ao desenvolvimento espiritual é um bom caminho para o resgate da esperança.Parabéns pela reflexão e esclarecimento!

    1. Querida Sigrid,
      É isso mesmo que a Psicologia Espírita faz: alia ciência ao desenvolvimento espiritual. Está aí uma fonte inesgotável de conhecimento onde podemos beber a água do esclarecimento, da lucidez e da busca da paz interior.
      Grande abraço! Muito bom te ver por aqui! Volte sempre!

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