A MEDICINA QUÂNTICA

Ora, estava lá um homem que se achava doente havia trinta e oito anos. – E Jesus, tendo-o visto deitado e sabendo-o doente (…) disse-lhe: levanta-te, toma o teu leito e vai-te. – No mesmo instante o homem se achou curado (…) Depois, encontrando aquele homem no templo Jesus lhe disse: vês que foste curado; não tornes de futuro a pecar, para que te não aconteça coisa pior.  João, cap. V, vv 1 a 17. 

Embora o conhecimento universal da reencarnação há milhares de anos, coube a Allan Kardec trazer novos elementos de estudos junto a ela, quando de seu papel de Codificador da Doutrina Espírita, a partir dos idos d
e 1855. Notamos essa verdade das múltiplas vidas e suas consequências sendo anteriormente tratada por Jesus em vários de seus ensinos, e na passagem em tela, sobre a qual vamos relacionar ao nosso tema.

Vendo um homem que nascera paralítico, Jesus lhe devolve a saúde, demonstrando em suas palavras posteriores o seu conhecimento sobre a lei de causa e efeito. Magnetizador* por excelência devido à sua condição superior, o Mestre nos dá a lição da “fé que transporta montanhas”, consubstanciando-a em curas que atravessaram a história.

O “não tornes a pecar, para que te não aconteça coisa pior”, representa a mais cristalina certeza de que o sofrimento que nos bate à porta é resultado de nossas próprias imprevidências; do mal que carregamos em nossos sentimentos e que dele já nos utilizamos para agredir, nesta ou em vida passada…

Essa cura relaciona-se ao que chamamos de “Medicina Quântica”, trabalhando a interpretação de que a qualidade de vida humana depende da natureza de seus ideais; de como sustenta o sentimento e o pensamento em termos de paz e prosperidade; de como age em nome da brandura e paz. E o Espírito superior do Cristo sabia disso.

Aqui vai uma pequena ressalva: quando firmamos o nome “quântico”, com a devida vênia, não compartilhamos com a ideia dos ilustres pesquisadores que consideram somente esse termo criado a partir das experiências de Max Planck**, o qual concluiu acerca de comportamento da matéria em escala microscópica. E como tratam desta ultima, em si, ponderam que não existe relação do termo “quântico” com a Doutrina Espírita.

Não indo muito além nas ideias dos que pensam em contrário, optamos por interpretar de forma diferente a questão, com os ensinos a nós trazidos no O Livro dos Espíritos, os quais esclarecem ser a matéria que conhecemos apenas “um estado” de algo mais sutil que preexiste a ela. O quântico representa um paralelo ao que a nossa ciência terrena já conhece, porém, em sua quintessência. É o que depreendemos das questões 30 e seguintes e de número 82, além de outras, todas de O Livro dos Espíritos.

Ao se referir à cura do corpo físico, Kardec anteviu essa realidade “quântica”, quando no Livro A Gênese, em seu capítulo XIV, assim expressa sobre a dicotomia doença/saúde: “A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã”. E isso está de acordo com o “Espírito protetor” ao se manifestar em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IX, item 09, dizendo das consequências das atitudes humanas: “Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima”.

A milenar cultura chinesa conhece essa relação quântica com o corpo físico, ensinando que todo Ser traz em si a natureza divina, com um espetacular mecanismo de autoconhecimento, sem que essa concepção redunde em culpas, por emissão de juízo de valor. Desta forma, a questão da conscientização de erros cometidos não pode desaguar na autopunição, mas apenas coaduna com o “não peques mais”, conforme no ocidente nos ensina Jesus Cristo. Representa, antes, se auto perdoar e seguir em frente, agora vivendo com mais acertos.

Kardec, no capítulo VII do seu livro O Céu e Inferno, intitulado de As Penas Futuras Segundo o Espiritismo, nos alerta sobre: a) a fragilidade de nossa alma quando encarnada, b) os princípios da Doutrina Espírita em relação às chamadas penas futuras, e c) o que chamou de Código Penal da Vida Futura!

Quanto a esse último item, não foram poucas as mensagens dos Espíritos superiores alertando o homem sobre o respeito aos semelhantes. Afirmam que, ao violentarmos qualquer consciência, fatalmente – por força do progresso – teremos o arrependimento, seguido da expiação (no geral, o “pagamento” pelo que fizemos) e finalmente a inexorável reparação. Isso representa o que Kardec chamou de código penal da vida futura.

Noutras passagens o insigne Codificador alerta que quando alguém agride ou é agredido, – a ponto de atacar ou revidar um ataque, mesmo apenas de forma verbal e/ou com pensamentos nefastos, – libera algumas substâncias físicas prejudiciais (moléculas malsãs). Sabe-se hoje que essas substâncias atacam o sistema imunológico, destruindo as células T – que são um tipo de linfócitos (células brancas do sangue), e que têm um importante papel no sistema imune – tornando frágil o corpo físico para defender-se de ataques de microorganismos, como bactérias, vírus e qualquer outro invasor, além de liberarem predisposições para o desencadeamento de doenças degenerativas ou autoimunes.

Em se nos referindo às nossas vítimas, com o ataque criamos com elas uma identificação vibrato-psíquica em nosso corpo mental, cujos campos determinam certa parasitose espiritual tão intensa quanto o sentimento de raiva que os desafetos nutrem sobre nós. É outro fator importante nesse mundo “quântico”, já que o pensamento é produto da alma, sendo inclusive capaz de criar comunidades espirituais; que pode libertar ou aprisionar…

Ainda pior do que a resposta externa de pensamentos dos seres que maltratamos, é o que tais atitudes fazem conosco próprios. A nossa consciência de hoje reflete algo do “subconsciente” identificado por Pierre Janet ***– que o definiu como “qualquer tipo de conteúdo da mente existente ou operante fora da consciência” – nos anos de 1880 e seguintes, dizendo que fenômenos de natureza intelectual resultariam nas chamadas “personalidades múltiplas” ou “parasitárias”.

O que seriam essas personalidades, senão um outro “eu” destoado da consciência, representado por lembranças emocionais não digeridas que nos maceram a personalidade de hoje? Até que ponto esses outros “eus” nos aterrorizam, a fim de nos dominarem e nos deixarem infelizes?

Caberá à nova ciência médica, que chamamos aqui de Medicina Quântica, agir nas verdadeiras causas das doenças advindas desse campo de força mental. Outros métodos de investigação serão criados, os quais trarão à luz a realidade do perispírito, findando no reconhecimento de que é a mente espiritual que comanda a vida fisiopsicossomática, impulso esse de maior ou menor potencial, de acordo com o estágio evolutivo de cada Espírito.

Com o olhar mais voltado para a realidade sutil, reconhecerá que saúde e doença, em sua origem, não é do corpo físico, mas da matriz mental da alma (preexistente aos genes), com o reflexo de sua experiência positiva ou perniciosa, acumulando pensamentos e sentimentos e depois liberando-os sob a forma de ondas advindas da alegria ou remorso.

A partir da Doutrina Espírita concluímos, na prática, que todos os erros na vida são computados na mente espiritual do ser, e que se voltam contra quem o pratica, demore isso o tempo que for, como uma resposta natural da vida!

Precisamos recompor nossa atividade mental, tornando-a saudável, mudando nossa interação com a vida e alterando, com isso, a vibração moral. Para isso, ressaltamos a necessidade, mesmo nas adversidades da vida, da alegria, da amabilidade e da flexibilidade, para que tenhamos uma estada feliz nesta reencarnação.

Sabedor e exemplificador de tudo o que foi aqui escrito, em especial de nosso passado inglório, Jesus sentencia o perdão, pela nova posição assumida da não agressão aos semelhantes e a si mesmo, afirmando: “não tornes de futuro a pecar”.

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 * Em O Livro dos Médiuns, cap. 14, Allan Kardec identifica que alguns médiuns curadores podem curar instantaneamente, embora a raridade do fenômeno.

** Max Karl Ernst Ludwig Planck foi um físico alemão. É considerado o pai da física quântica e um dos físicos mais importantes do século XX. Planck foi laureado com o Nobel de Física de 1918, por suas contribuições na área da física quântica. Fonte: Wikipédia

***Pierre-Marie-Félix Janet, conhecido simplesmente como Pierre Janet, (Paris, 30 de Maio de 1859Paris, 24 de Fevereiro de 1947) foi um psicólogo, psiquiatra e neurologista francês que fez importantes contribuições para o estudo moderno das desordens mentais e emocionais envolvendo ansiedade, fobias e outros comportamentos anormais. Está classificado ao lado de William James e Wilhelm Wundt como um dos fundadores da psicologia. Fonte: Wikipédia

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