CONSUMO DE DROGAS AUMENTA E MOBILIZA CASAS ESPÍRITAS

Grupos de apoio complementam tratamento médico e ajudam na recuperação

Da Redação

Algumas são lícitas e aceitas no convívio social. Outras são ilegais e têm seu consumo combatido pelo poder público. Seja como for, as drogas estão presentes na sociedade e tornaram-se um problema de saúde pública. Estudo divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em março passado, aponta que cerca de 200 mil pessoas morrem a cada ano devido ao uso de drogas, seja por overdose ou distúrbios associados ao consumo. O último dado disponível contou 246 milhões de consumidores de droga no mundo em 2013, o equivalente a cerca de 5% da população mundial com idade entre 15 e 64 anos.

O uso de drogas e seus efeitos nocivos à saúde ganham novo destaque em 26 de junho, Dia Internacional do Combate à Droga, data criada pela ONU para chamar atenção para o problema. Droga é toda e qualquer substância que atue sobre o sistema nervoso central e mude o funcionamento do organismo, seja do ponto de vista fisiológico ou do comportamento. As mais conhecidas e com maior consumo no Brasil são o álcool; a nicotina (presente em cigarros e charutos); a cocaína; as anfetaminas e a maconha. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já considera doença o uso de drogas e álcool: esse problema chegou às casas espíritas e já mobiliza atendimento complementar ao tratamento médico-terapêutico. Há um ano, o Grupo Espírita Abrigo da Esperança (GEAE) criou o Grupo de Apoio a Dependentes Químicos e Familiares Luiz Sérgio, que ampara usuários e seus entes próximos – podem participar familiares, amigos e até colegas de trabalho que, impactados pelo usuário, tornam-se codependentes.

“O GEAE está cumprindo sua missão de acolher e amparar a quem chega pedindo socorro”, diz Jacira Rosa, coordenadora do Grupo de Apoio da Casa. “Esse grupo foi criado para atender àqueles que enfrentam o problema da droga, seja consumindo, seja buscando a recuperação de algum parente. Esses casos aumentaram bastante e o GEAE decidiu estruturar um trabalho que ampare a essas pessoas”, acrescenta. Segundo ela, a ação do Grupo de Apoio Luiz Sérgio não substitui a necessária busca de orientação com profissionais da Saúde e tratamento médico, mas serve como estímulo eficaz, que dá forças ao dependente e seus familiares para buscarem e alcançarem a recuperação.

ACOLHIMENTO E REFLEXÃO – O Grupo de Apoio é um espaço de diálogo fraterno, orientado por trechos do Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, em que o participante troca experiências com os demais integrantes e é estimulado a refletir sobre si mesmo. As reuniões são realizadas nas manhãs de sábado, a partir das 09h00, e abertas a todos, independente de orientação religiosa. “A Doutrina Espírita vê o dependente como alguém que passa pela prova de resistência ao mal. Sua contribuição é oferecer ajuda para que o usuário se transforme em uma pessoa forte. Quando é apoiado em seu fortalecimento, por si só reage contra suas próprias fraquezas”, diz Ruth Daia, coordenadora dos grupos de dependência química da Comunhão Espírita de Brasília, parceira do GEAE na implantação desse projeto. Atuando há 20 anos nessa área, a Comunhão tem hoje três grupos dedicados a esse atendimento, por onde passam cerca de 3.600 pessoas por ano.

Jacira destaca a importância da troca de experiências na conscientização e fortalecimento dos dependentes. “O maior desafio das pessoas que entram no grupo é aprender a amar e respeitar a si mesmas para, assim, poder amar e respeitar o próximo”, comenta. “O diálogo que fazemos nas reuniões são importantes para o despertar de cada um e ajuda a aliviar o peso das dificuldades. A cada encontro a pessoa sai mais forte para recuperar a própria dignidade e autoestima”. Segundo ela, a dinâmica do atendimento tem como objetivo fomentar reflexões que ajudem o dependente e seu familiar a melhor lidar com o problema e encontrar respostas que permitam a solução do problema. “Não nos colocamos na posição de julgadores, mas sim como ouvintes atentos e amorosos. Quando a pessoa fala de si e seus sentimentos, naturalmente reflete sobre o que está passando. Quando ouve o outro, descobre outras maneiras de lidar com a vida”.

Ruth Daia concorda e destaca a importância da disciplina. “Temos bons resultados quando os participantes se comprometem consigo mesmos, sendo assíduos nas reuniões, aproveitando a fala do companheiro para refletir sobre seu comportamento”, avisa. “Falando da minha dificuldade como usuário ou familiar, em primeira pessoa, sou obrigado a me ouvir”, diz. Segundo ela, os resultados são potencializados com a frequência e o ideal é o participante não desistir antes de um mês. As quatro primeiras reuniões servem para uma melhor compreensão da dinâmica e objetivos do grupo, assim como para que a pessoa sinta-se à vontade e confiante para compartilhar seus sentimentos. Confiança e discrição são as bases do atendimento, diz Jacira.

 

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