CONTRA A DEPENDÊNCIA, AMOR, TOLERÂNCIA E TRATAMENTO MÉDICO

Em mensagem de confiança para familiares, psicóloga comenta caminho da recuperação

Da Redação

A dependência química é um assunto que interessa a número cada vez maior de pessoas, desafio de grande impacto sobre as famílias. Mazela silenciosa, a dependência pode levar tempo para ser percebida e não está restrita ao uso de drogas criminalizadas, como a maconha ou a cocaína. Seja de que tipo for, a dependência nunca é uma experiência individual do dependente e traz distúrbios para todo o núcleo familiar. O Grupo Espírita Abrigo da Esperança (GEAE) dedicou sua grade de palestras públicas de agosto ao tema família, com a contribuição de diversos painelistas, abordando também o problema da dependência química, assunto que será aprofundado nessa entrevista, em que o Informativo do GEAE ouve a psicóloga e especialista Ruth Daia, da Comunhão Espírita, parceira do GEAE na implantação do Grupo de Apoio a Dependentes Químicos e Familiares Luiz Sérgio; sobre o impacto da dependência sobre as famílias. “Nós não temos a culpa, o controle nem a cura; mas podemos proporcionar proteção e apoio emocional aquele ser tão querido que ora se encontra adoecido”, diz Ruth. Leia os principais trechos:

O que é a dependência química e o que ela provoca no campo físico e da saúde?

Ruth Daia – A dependência química é um estado resultante do uso habitual de uma droga, no qual existem sintomas físicos negativos de abstinência quando há interrupção abrupta, como a sudorese, tremores, a sensação da boca seca, fadiga, cansaço, insônia e outros. No campo da saúde, temos o AVC, a perda de memória, a falência de órgãos, paralisia dos rins, alguns tipos de câncer, esquizofrenia e outros.

Ruth Daia, psicóloga e especialista

A dependência química está relacionada apenas ao uso de drogas?

R.D. – Não, pode incluir outras substâncias como o tabaco, remédios, os chás alucinógenos. Temos também as compulsões por comida, compras, sexo, trabalho, jogos; hábitos que exagerados ou desregrados, podem ser considerados drogas.

 Como os familiares podem identificar o problema?

R.D. – Alguns sinais são reveladores, como a mudança brusca de comportamento; a inquietação motora, quando a pessoa torna-se impaciente, inquieta, irritada, agressiva, ou alterna ora calado, ora falante. Também cabe observar quando há queda do aproveitamento escolar ou desistência dos estudos; ou baixo rendimento no trabalho; assim como o isolamento repentino; mudanças no círculo de companhias; dificuldade de se expressar e gastos financeiros inexplicáveis. De um modo geral, a mudança de comportamento, com hábitos diferentes.

Qual o impacto da dependência sobre a família?

R.D. – Primeiro vem o susto, a negação. Não acreditam que aquela pessoa tão especial e querida esteja envolvida “numa coisa desta”. Depois, acham que é intriga, que os outros estão querendo colocá-lo em “mau caminho”. Quando a realidade se faz clara, vem a pergunta: por quê comigo? Por quê Deus está me castigando? O que fiz de errado, se dei tudo que ele queria? Tem a fase da vergonha dos parentes, amigos, vizinhos. Mas quando a dor se instala e a impotência toma conta da família, então saem à procura de ajuda. Este é o começo para um tratamento. Nesses muitos anos de trabalho, observei muitos casos. Para citar apenas um, houve uma mãe que foi ao grupo de ajuda para saber se acorrentava o filho, se o trancava no quarto ou se dava uma surra.

O que os pais podem fazer para melhor lidar com o assunto e favorecer a recuperação do parente dependente?

R.D. – O primeiro passo é buscar o conhecimento da doença, da realidade deste ente querido. Só assim será possível oferecer o que ele necessita para recuperar-se, que vai ser sempre o amor e respeito pelo seu estado doentio. Nesses momentos, vale lembrar que foi uma sabedoria divina que decidiu a formação dessa família e essa sabedoria oferecerá, com certeza, todo o necessário apoio para que dê tudo certo. Somente com amor e serenidade que vamos vencendo cada dia.

 Qual a especialidade médica que cuida da dependência química? Esse é o primeiro passo?

R.D. – Se a pessoa já se encontra na fase de envolvimento com a droga, é importante buscar a ajuda de especialistas, como um psiquiatra. O ideal é que esse médico tenha especialização em dependência química. Um psicólogo, educador e grupos de mútua ajuda também são úteis.

 Todo dependente deve ser internado em clínicas?

R.D. – Internar ou não o dependente químico não pode ser fruto de uma decisão simples. Há de ser resultado de criteriosa análise, efetuada por profissionais bem treinados, ajustada à história pessoal do paciente. Se o vínculo psicológico com a família, escola e trabalho não foram rompidos, a internação não é recomendada, porque afastará o ente querido de uma estrutura que o ampara de certo modo. Para cada caso, uma solução e abordagem. A internação deve ser bem orientada, de preferência por um médico.

O que a família pode fazer se o dependente recusar o tratamento?

R.D. – Se ele estiver prejudicando somente a si mesmo, não pode fazer nada. Mas, se ele estiver correndo risco de vida, entrar em surto ou colocar a vida dos outros em perigo, a internação será aconselhada. A oração é sempre um lenitivo, um socorro, auxílio nestes momentos.

Como a doutrina espírita pode ajudar no tratamento da dependência química?

R.D. – A doutrina espírita oferece mecanismos valiosos de socorro. Temos os grupos de ajuda mútua; o evangelho no lar; tratamento passes de desobsessão. Com estas práticas, restituímos a esperança, ampliamos a fé e a confiança. A recuperação do dependente, pela abstinência, é um processo que pode ser longo e exige muita perseverança e amor.

Maiores Informações:

Grupo Espírita Abrigo da Esperança – GEAE

QE 40 Área Especial 6-A lote 04 Guará II, Brasília – DF, 71.070-406 

 Telefone: (61) 98155-2656

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