DIJ SOB NOVA DIREÇÃO: ESTUDO E VIVÊNCIA EVANGÉLICA
Francisco Pereira adota nova abordagem para evangelizar crianças e adolescentes
Da Redação
Uma gestão fora da caixinha, apostando na formação cultural como ferramenta para evangelizar crianças e adolescentes. Essa é a síntese do plano de trabalho de Francisco José Dantas Pereira, que acaba de assumir a direção do Departamento de Infância e Juventude (DIJ) do Grupo Espírita Abrigo da Esperança (GEAE). Servidor público há 34 anos, pai de dois filhos e avô de uma garotinha, Pereira, como é carinhosamente chamado pelos colegas, demonstra entusiasmo com a nova tarefa e uma visão abrangente do trabalho de Evangelização. Em entrevista ao Boletim Informativo, ele antecipa objetivos, desafios e aponta um conjunto de atividades novas com que pretende renovar a abordagem e conquistar a atenção das crianças e jovens. Livros, música, filmes e atividades culturais fora do GEAE integram a estratégia do diretor; assim como um maior diálogo com os pais dos evangelizandos. Leia os principais trechos da conversa:
Qual a importância da infância e da juventude do desenvolvimento do indivíduo?
Francisco José Dantas Pereira – Tem fundamental importância. Vamos recorrer ao Livro dos Espíritos e ao Evangelho Segundo o Espiritismo para explicitar as orientações elaboradas por Allan Kardec acerca dessas duas etapas do indivíduo: “para o espírito, qual é a utilidade de passar pela infância? Encarnado com o objetivo de se aperfeiçoar, é mais acessível, nesse período, às impressões que recebe que podem ajudá-lo em seu adiantamento”, diz Kardec na questão 383 do Livro dos Espíritos; e “o espírito da criança pode ser muito antigo e que traz, renascendo para a vida corporal, as imperfeições de que se não tenha despojado em suas precedentes existências”, no capítulo 8 do Evangelho. Kardec também nos ensina que na adolescência o espírito retoma a sua natureza e se mostra tal qual era, ou seja, expressa a necessidade de aprendizado e de evolução que geraram o seu projeto reencarnatório. Podemos considerar que os primeiros aspectos nesse processo são o autoconhecimento e a transformação interior; tarefa nada fácil. O segundo é que esse jovem propenso ao bem, lembrando Kardec, está muito longe de ser perfeito. O jovem é um ser em fase de desenvolvimento, definições e escolhas.
Em uma sociedade cada vez mais competitiva e tecnológica, qual é a importância da evangelização de crianças e jovens?
F.J.D.P. – A evangelização tem como objetivo fundamental trabalhar os valores morais necessários ao desenvolvimento espiritual daqueles que estão sobre a nossa responsabilidade. É preciso, segundo a educadora e espírita Lúcia Moyses, “apresentar as verdades evangélicas aos pequenos que já nascem sob a égide da tecnologia e que irão desfrutar dos avanços da ciência, porque por mais moderno que sejam esses, o coração do homem é solo que carece de ser irrigado com os melhores sentimentos para poder cumprir a sua trajetória de espírito rumo às suas conquistas evolutivas, somente a voz do bom pastor tem o poder de trazer a consolação“. Ela ainda nos afirma que os movimentos sociais, com suas mudanças, sempre existiram. No entanto, o ritmo das mudanças atuais é avassalador e não sabemos para onde elas nos levam. Desta forma, e diante do desafio de ter que educar agora, e não depois, a nova geração que aí está; é bom que comecemos por identificar as dificuldades que se lhe opõem afim de encontrarmos os melhores meios de enfrentá-las. Dr. Bezerra de Menezes nos diz “a criança que se evangeliza é o adulto que se levanta no rumo da felicidade“. Educar, pois, dentro da concepção espírita, não é só oferecer os conhecimentos do Espiritismo, como também, envolver o evangelizando numa atmosfera de responsabilidade, de respeito à vida, de fé em Deus, de consideração e amor aos semelhantes, de valorização das oportunidades recebidas, de trabalho construtivo e de integração consigo mesmo, com o próximo e com Deus.
Nesse contexto como manter a atenção e envolver crianças e jovens no processo de evangelização?
F.J.D.P. – Com uma prática educativa baseada no diálogo, conscientes da responsabilidade que assumimos ao participarmos como dirigentes ou trabalhadores da Evangelização. Vamos estabelecer um novo clima pedagógico no Departamento de Infância e Juventude, que tem como objetivo fundamental o estudo e a vivência evangélica. Nossa ideia é estimular a leitura e facilitar o acesso a livros; visitar feiras de livros e participar do Clube do Livro; estimular o uso de CDs e DVDs; identificar a apresentar sites especializados para os jovens internautas; estimular a leitura de revistas e jornais; participar de ciclos de estudos e oficinas.
Você acaba de assumir a diretoria da infância e juventude do geae, quais os desafios e objetivos da nova gestão?
F.J.D.P. – Temos muitos objetivos nessa nova gestão, entre eles proporcionar ao evangelizando o estudo da lei natural que rege o universo, da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como, suas relações com o mundo corporal; E oferecer ao evangelizando a oportunidade de perceber-se como homem integral, critico, consciente, participativo, cidadão do universo, agente de transformação de seu meio. Muitos são os desafios, como manter uma atitude de estudo constante do evangelizador, com vistas a garantir credibilidade ao conteúdo que transmite; a leitura constante; a participação no Ensino Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE) e dos encontros de formação doutrinária. Esses são caminhos para maior qualidade da Evangelização que realizamos em nome de Jesus. Além disso, vamos trabalhar para tornar as aulas mais atrativas; retomar o diálogo com os pais dos evangelizandos no salão de palestras; e integrar os evangelizandos nas atividades sociais da Casa, fazendo com que eles sejam percebidos pelos trabalhadores e frequentadores do GEAE.
Como alcançar esses objetivos?
F.J.D.P. – Apenas a boa vontade não basta para evangelizar. Não podemos mais compartilhar o conhecimento de forma mecânica, conformada, fechado ao novo. O evangelizador comprometido sempre encontrará um tempo para buscar uma melhor qualidade no seu trabalho, estudando e pesquisando práticas pedagógicas, participando de encontros e reuniões para sistematizar seus conhecimentos e avaliando seu desempenho junto ao grupo de crianças ou jovens.
Quantos trabalhadores fazem parte dessa diretoria e como são divididas as tarefas?
F.J.D.P. – Nossa equipe é composta atualmente de 17 evangelizadores, distribuídos da seguinte forma: 03 no berçário; 02 no maternal; 02 no jardim; 01 no primeiro ciclo; 01no segundo ciclo; 01 no terceiro ciclo e pré-mocidade; 02 na mocidade; 02 no apoio; 01 diretor; 01 coordenador da infância; 01 coordenador da mocidade. Não posso esquecer o apoio fundamental que recebemos da equipe que compõe a cozinha, preparando todos os sábados um delicioso café da manhã e um almoço apetitoso para as nossas crianças e jovens.
Haverá mudança ou acréscimo nas atividades desenvolvidas?
F.J.D.P. – Sim, vamos introduzir novas atividades, como a feira e o clube do livro; o retorno das palestras para os pais. Também vamos participar nos eventos da Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF) e da Federação Espírita Brasileira (FEB) associados à Evangelização; do encontro dos jovens espíritas do Guará. E estamos preparando outras novidades.
Que contribuição o GEAE pode oferecer à comunidade?
F.J.D.P. – Emmanuel esclarece: “um templo espírita é, na essência um educandário“. É assim que eu percebo o GEAE nos dias atuais.
Qual o sentimento que o anima a assumir a nova tarefa? e qual a contribuição gostaria de deixar para o futuro?
F.J.D.P. – O sentimento que me anima é o amor, evangelizar é uma tarefa sublime!