DIA DAS MÃES, DIA DA FAMÍLIA, DIA DE “QUEM CUIDA DE MIM”.
Por João Vieira
As primeiras sugestões para a criação de uma data para celebração das mães, foi dada nos Estados Unidos, no ano de 1872, pela escritora Julia Ward Howe. Mas foi a americana Anna Marie Reeves Jarves, em maio de 1905, no Estado da Virgínia Ocidental, que teve a brilhante ideia de consagrar um dia para homenagear as mamães. Anna queria homenagear sua mãe que fora um exemplo de mulher e havia falecido. Depois de muita luta para que fosse criado o Dia das Mães, seus pedidos foram atendidos e a data foi oficializada em 1914 pelo Congresso Americano. A lei que declarou o dia das mães como Festa Nacional, foi aprovada pelo então Presidente Woodrow Wilson. Após esta iniciativa, muitos países seguiram o exemplo e incluíram a data em seu calendário.
O primeiro Dia das Mães brasileiro foi promovido pela Associação de Moços do Brasil de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918. Em 1932, o Presidente Getúlio Vargas oficializou o feriado para o segundo domingo do mês de maio. Mas como enxergamos a maternidade e o que significa ser mãe a luz da Doutrina Espírita? A doutrina esclarece que se trata de um compromisso importante, porque ao gerar um filho, assume-se um compromisso perante as leis Divinas, oferecendo oportunidade para que um espírito por meio da reencarnação possa evoluir, cabendo aos pais o amparo necessário para sua caminhada de novos aprendizados. Uma criança quando nasce traz uma história de vidas passadas, comportamentos que podem ser moralmente bons ou maus, espíritos desequilibrados e carentes com grandes necessidades e enorme dificuldades evolutivas. O escritor Ricardo Bernardi na obra “Sublime Intercâmbio”, diz que os filhos podem ligar-se aos pais por afinidades, mas também para harmonizar grandes desafetos. Segundo o autor, a sabedoria Divina pode criar esses laços afim de que o amor entre grandes rivais se desenvolva de um espírito, e, é claro, desenvolvendo-se também.
A pergunta 890 do Livro dos Espíritos esclarece que o amor maternal é uma virtude ou um sentimento instintivo, comum aos homens e aos animais: não é uma coisa nem outra. A natureza deu a mãe o amor pelos filhos, no interesse de sua conservação; mas, no animal é limitado as necessidades materiais: cessa quando os cuidados se tornam inúteis. No homem, ele persiste por toda vida e comporta um devotamento que constituem virtudes; sobrevive mesmo à própria morte, acompanhando o filho além-túmulo”. Compreende-se que existe além dos laços físicos, um elo poderoso de ligação entre mães e filhos, por esse motivo o amor materno é realmente capaz de ultrapassar barreiras. Nas palavras do Médico e escritor Alírio Cerqueira Filho, “a mãe é o arquétipo da ligação com Deus, dentro de uma visão psicológica transpessoal, espiritual profunda. A sua função principal é a de fornecer esse modelo de ligação da criança com Deus, porque é a mãe que nos gera. Ao nos gerar, ela nos propicia a existência momentânea do corpo, da mesma forma que Deus nos gera a existência espiritual. “Deus é o criador, e a mãe e a co-criadora por excelência; a mãe oferece o seu próprio corpo, seu sangue, sua vida, toda uma série de funções biológicas, bem como espirituais”.
Em 1932, Aldous Huxley, escritor inglês, lançava seu mais famoso livro: Admirável Mundo Novo, uma visão pessimista do futuro da humanidade, em que imaginava uma sociedade onde a família estaria abolida, e isso ocorreria em um período muito curto. Nessa admirável loucura, a mãe não mais teria filhos, as crianças nasceriam em incubadoras, altamente sofisticadas, mães artificiais. Ninguém teria nem pai nem mãe e seria subversão falar do assunto família. Cada cidadão cuidaria da sua vida, sem deveres com ninguém, a não ser com o estado. A partir dos anos 50, com o rompimento de certos tabus, muita gente imaginou que a humanidade estava a caminho de uma sociedade desta natureza. No entanto, décadas se passaram e embora os casamentos tenham diminuído, a família está muito longe de extinguir-se e jamais o será.
Casamentos entre homem e mulher sempre ocorrerão. Contudo novos tempos tem apontado para outros modelos de núcleo familiar, mas a velocidade dessas mudanças comportamentais tem estremecido a família clássica, porem devemos estar atentos e cientes desta realidade do mundo moderno.
Como observamos, a família está sendo modificada em sua constituição clássica. A família atualmente e muito mais que o tradicional grupo formado por pai, mãe e filhos. Dicionários tiveram que atualizar o verbete família acompanhando as transformações. A maior delas tem como denominadores comuns as palavras amor, afeto, cuidado e compromisso, sem distinção de formatos ou gêneros. O último censo do IBGE, mostrou que a configuração da família tradicional brasileira, cada vez mais deixa de ser um retrato fidedigno dos lares brasileiros. Pouco mais da metade (54.9%) das famílias do Brasil, são constituídas por um casal heterossexual com filhos, os outros (45.1%) é uma pluralidade de arranjos.
Hoje encontramos configurações diversas tais como família monoparental, masculina e feminina. Nela há uma mulher com filhos ou um homem com filhos; família unipessoal, geralmente formada por pessoas solteiras ou viúva; família recomposta ou extensa, frutos de divórcios e outras uniões, que possuem filhos ou não de outros relacionamentos, famílias homoafetivas com ou sem filhos, etc. Existe um velho ditado que diz: “família é quem cuida”, ele nos lembra que, o que define uma família não é o seu formato, mas a sua função, e que esta esteja associada ao cuidado, proteção e afeto. Atenta a essas novas configurações, algumas escolas no Brasil estão promovendo o “Dia da família”, “Dia de quem cuida de mim”, eventos abertos a todos parentes de seus alunos, em substituição aos tradicionais “Dia das Mães” e “Dia dos Pais”, com o objetivo de evitar constrangimentos.
Diante de todas essas transformações da família, conclui-se que ela se perpetua muitos menos subordinada a modismos sociais e muito mais em decorrência dos desígnios de Deus, e apesar de todos os seus momentos de crise e evolução, a família manifesta uma grande capacidade de sobrevivência e, porque não dizê-lo, de adaptação, uma vez que ela tem sobrevivido sob múltiplas formas através dos tempos. O reajuste familiar talvez seja o mais fundamental dos objetivos Divinos da reunião dos seres sob um mesmo teto, desemboca invariável e vitoriosamente na harmonia, na paz e no amor.
Allan Kardec em suas anotações diz que: “Mãe em sua perfeição, é o verdadeiro modelo, a imagem viva da educação. A perfeita educação, na essência de sua natureza, em seu ideal mais completo, deve ser a imagem de mãe de família”.