Pedagogia Espírita: O Pioneirismo de Barsanulfo

 

O PIONEIRISMO DE BARSANULFO 

Hippolyte Léon Denizard Rivail publicou o seu primeiro livro, “Curso prático e teórico de aritmética”, aos 18 anos. A obra foi republicada durante cinco décadas como referência para a educação francesa. Sobre o seu  desempenho como educador, o jornalista Marcel Souto Maior em seu livro “Kardec, a biografia”, cita a frase do filósofo Michel de Montaigne[1] sobre Rivail: “Não se trata de ser mais sábio, porém melhor sábio.”

Rivail, como educador, aplicou os princípios pedagógicos que respeitavam e entendiam como sagrada a individualidade do aluno. Adotou os seguintes objetivos: estimular o espírito natural de observação da criança; cultivar a inteligência para que o aluno faça as próprias descobertas; levar o aluno a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz; e conduzi-lo a “apalpar com os dedos e com os olhos todas as verdades.” Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec, codifica a Doutrina Espírita tendo por base os mesmos princípios pedagógicos que nortearam a sua vida de educador.

Eurípedes Barsanulfo

Em 1907, cinquenta anos após a publicação de O Livro dos Espíritos, na pequena cidade de Sacramento, Minas Geras, Eurípedes Barsanulfo  inaugurava o primeiro colégio genuinamente espírita do mundo com o nome de Colégio Allan Kardec, sob a égide de Maria, a mãe de Jesus.

É no Colégio Allan Kardec, que nasce um novo modelo de Educação no Brasil. Eurípedes funda a Pedagogia Espírita e é o primeiro a fazer uma escola que olha para seu aluno como um espírito imortal, vivendo mais uma encarnação na Terra e trazendo uma bagagem de virtudes e de dificuldades.

Corina Novelino

Corina Novelino foi uma das maiores e mais devotadas continuadoras da obra de Eurípedes Barsanulfo. Em 1975, junto com Tomás Novelino (1901-2000), ex-aluno de Eurípedes Barsanulfo no Colégio Allan Kardec, funda a Escola Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento, MG, que hoje é referência nacional no campo da Educação, atraindo educadores e pesquisadores de todo o Brasil e de diversos países, interessados em conhecer o legado do Professor Eurípedes Barsanulfo, cujos fundamentos se encontram na Educação do Espírito e na Pedagogia do Amor. A Escola Eurípedes Barsanulfo já teve projetos vencedores em prêmios nacionais da Educação e é continuamente visitada por educadores de todo o Brasil e de mais de vinte países, incluindo os Estados Unidos, Portugal e Suíça.

 

José Pacheco

O conhecido Professor José Pacheco, responsável pela experiência pedagógica que empreendeu na Escola da Ponte, mundialmente conhecida no campo da Educação, afirmou que no Colégio Allan Kardec efetivamente se vive aquilo que ele prega em suas palestras pelo mundo. Sobre Eurípedes e o Colégio Allan Kardec, ele afirma que foi o projeto educacional mais avançado do século XX que conheceu. 

Em 1999, José Pacheco em entrevista[2] à jornalista Simone Harnik fala-nos sobre Eurípedes Barsanulfo: 

“Identifiquei, nos últimos anos, autores brasileiros da maior importância que o Brasil desconhece. Esse é outro absurdo. Quem é que ouviu falar de Eurípedes Barsanulfo (1880-1918)? De Tomás Novelino (1901-2000)? De Agostinho da Silva (1906-1994)? Ninguém fala deles. Como um país como este, que tem os maiores educadores que eu já conheci, não quer saber deles nem os conhece? Há 102 anos, em 1907, o Brasil teve aquilo que eu considero o projeto educacional mais avançado do século 20. Se eu perguntar a cem educadores brasileiros, 99 não conhecem. Era em Sacramento, Minas Gerais, mas agora já não existe. O autor foi Eurípedes Barsanulfo, que morreu em 1918 com a gripe espanhola. Este foi, para mim, o projeto mais arrojado do século 20, no mundo.

UOL Educação – O que tinha de tão arrojado?

Pacheco – Primeiro, na época, era proibida a educação de moços e moças juntos. Só durante o governo Getúlio Vargas é que se pôde juntar os dois gêneros nos colégios. Ele [Barsanulfo] fez isso. Ele tinha pesquisa na natureza, tinha astronomia no currículo oficial. Não tinha série nem turma nem aula nem prova. E os alunos desse liceu foram a elite de seu tempo. Tomás Novelino foi um deles e Roberto Crema, que hoje está aí com a educação holística global, foi aluno de Novelino.”

 



[1] Michel de Montainge, foi político, filosofo e escritor francês, considerado o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus “Ensaios”, analisou as instituições, as opiniões e os costumes; debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo. É considerado um cético e humanista.

[2] Matéria completa (http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/06/30/ult105u8320.jhtm)

[3] Artigo Anterior: (http://www.geae.org.br/pedagogia-espirita-andre-campos/)

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