PERFIL: ELE TEM OUVIDOS PARA OUVIR E GOSTA DE AJUDAR

Presidente do Conselho, facilitador e médium, Bruno Elias é reconhecido pela empatia e solidariedade

Da Redação

Ele recebeu um chamado e atendeu. Era a noite de um domingo comum e visitava uma amiga de sua então namorada, quando foi convidado a participar de uma sessão do Evangelho no Lar. Já sabia que a família era espírita, mas não conhecia o assunto. Naquela época, ele já tinha o hábito de ler diariamente a Bíblia e não viu problema em aceitar o convite. Feita a leitura inicial, comentou com a dona da casa o que pareceu-lhe uma estranha coincidência: a passagem por ela escolhida era o mesmo trecho da Bíblia que lera muitas horas antes, pela manhã. “Mas olha que coincidência!”, disse à ela. “É um chamado. Nada acontece por acaso”, respondeu dona Liliane. Aquele domingo de 1989 marcou um novo e duradouro ciclo na vida de Bruno Elias Borges, Presidente do Conselho Consultivo Doutrinário Espírita do Grupo Espírita Abrigo da Esperança. Sua namorada, Walquíria, tornou-se esposa e compartilha de sua vida ainda hoje, com os filhos. E o Espiritismo abriu-lhe as portas do conhecimento e a oportunidade de servir ao próximo.

“Na primeira palestra que assisti, senti que minhas perguntas tinham respostas”, diz Bruno. Filho de uma família católica, ele abraçou a religião e cumpriu seus rituais até que sentiu falta de esclarecimento para muitas das perguntas que carregava no peito. Lá pelos 16 anos, já cultivava o hábito de ler a Bíblia, ir à missa e participar de atividades na igreja. Foi também quando começou a questionar o Divino. Sua ligação com o Espiritismo começou no CEFAC, tradicional centro espírita em Taguatinga. Lá, acompanhado da futura esposa, assistia às palestras e começou a estudar a doutrina. Nesse período, já conhecia Edmir Freitas, parceiro de seu cunhado em longas partidas de xadrez, e foi convidado a conhecer uma Casa que acabara de ser aberta no Guará: era o embrião do GEAE, no início dos anos 90. Bruno e esposa visitaram a pequena sede e nunca mais se afastaram.

“Eu me lembro da minha primeira visita. Foi uma noite muito marcante para mim”, diz. Sentado no fundo do salão, sem conhecer nem ter sido apresentado a ninguém, contemplou uma sessão de pintura mediúnica em que foram produzidas quatro obras. Ao final, a médium chamou nominalmente os “donos” dos quadros: Bruno era um deles e foi informado que a tela favoreceria o tratamento que faria. Outro sinal. Ele começou seu voluntariado na administração da Casa e lembra que sua mediunidade levou tempo para aflorar. “Em 1992, comentei com uma das entidades que gostaria de vê-lo. Era o Irmão Preto ele me disse que um dia eu o veria”, recorda. Em 2010, Bruno percebeu os primeiros sinais e foi informado de que poderia começar a trabalhar. “Foram mais de 20 anos entre a promessa e o encontro. E foi muito bom vê-lo”, diz, visivelmente emocionado.

Bruno e Walquíria compartilham ideais e o desejo de servir ao próximo

TRAQUEJO COM A PLATÉIA – Facilitador nos cursos do GEAE e trabalhador no atendimento físico-espiritual, Bruno declara sentir enorme alegria quando percebe a possibilidade de diminuir o sofrimento das pessoas. “É importante compartilhar a dor alheia e cultivar a solidariedade e a compaixão pelo outro”, comenta. Seriedade, compromisso, empatia e sensatez são alguns dos atributos apontados por seus colegas. “Conheci o Bruno no final da década de 90 e nosso primeiro contato não podia ter sido melhor”, relembra Ricardo Bastos, diretor do departamento de comunicação do GEAE. “Tive a sensação de conhecê-lo de longa data ou, quem sabe, de outras vidas. Bruno esteve ao meu lado em um dos momentos mais difíceis que tive, fez questão de me acompanhar em minha recuperação, animando e motivando a retomada do meu dia-a-dia”, diz.

“A primeira vez que vi o Bruno foi como palestrante. Foi uma palestra de conteúdo profundo, mas passado com uma leveza ímpar, muito bom humor e simpatia!”, diz Rosana Almeida, trabalhadora da Casa. “É muito bonito vê-lo emocionado ao contar a história do GEAE e ver os olhos brilhando ao ver como a Casa cresceu e se estruturou”. Bruno acompanhou o crescimento de outros voluntários do GEAE. “Conheci o Bruno em 1993, quando comecei a frequentar o GEAE. Eu tinha 13 anos e ele me recebeu com muita alegria. Quando foi criado o grupo da Mocidade ele era o dirigente e eu um dos jovens. Nós estudávamos bastante”, diz Rodolfo Castro, diretor do departamento de assistência espiritual do GEAE. “O Bruno é uma pessoa extremamente disponível e jovial. Também é uma pessoa que mais escuta do que fala e, quando fala, sempre tem algo de importante pra dizer”.

Filho de pai bancário e mãe professora, Bruno nasceu em Brasília e tem uma irmã. Da infância, lembra-se do gosto pelo estudo e da curiosidade que favoreceu suas experiências com química. “Nunca fui arteiro, sempre fui tranquilo, e gostava de estudar”, conta. Ainda no primeiro grau, teve suas primeiras oportunidades de falar em público: participou de duas feiras de ciência, apresentando experimentos desenvolvidos em sala de aula. Bruno foi perder a timidez, mesmo, no segundo grau, recitando poesia nas aulas de literatura. E começou bem, aceitando o desafio de uma professora para encenar I Juca Pirama, poema clássico de Gonçalves Dias, principal autor do romantismo brasileiro – são 484 versos divididos em 10 cantos.

“Eu não conhecia a poesia… Levei um susto quando vi o tamanho. Foram dois meses treinando e decorando”, lembra Bruno, que aproveita o traquejo conquistado até hoje. Formado em Ciências Contábeis e História, ele tornou-se palestrante disputado no GEAE e facilitador nos cursos promovidos pela Casa – suas aulas são sempre interativas e a timidez não deixou rastros! Depois de tantos anos trabalhando, afirma que seu maior desafio é combater as próprias más tendências e elege a caridade como o sentimento mais importante a ser cultivado no dia a dia. “Poder ajudar me dá grande alegria, me dá um sentimento de missão cumprida”.


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