A LEI DO TRABALHO

Camilla Arruda 2 copy
Camilla Arruda

“E Jesus lhes respondeu: Meu Pai obra até agora, e eu trabalho também.”

(João, 5,17)

Ganhar os milhões sorteados na “Megassena da virada” certamente foi o sonho de muitos brasileiros. Ter dinheiro o bastante para sustentar-se e ainda garantir o futuro da família, traria segurança e tranquilidade aos seus dias. Não ter que trabalhar ou acordar cedo, enfrentar o trânsito, ou ainda não conviver com aquele chefe ou colega de trabalho do qual nunca se teve afinidade, seria a princípio um alívio na alma.

Contudo, esse sonho ou desejo de tantos, geram alguns questionamentos de ordem espiritual tais como: Por que trabalhar? Seria o homem isento do labor se tendo recursos suficientes para prover-se? E aquele que não possui aptidão física para a mão de obra?

Tais indagações podem ser claramente respondidas pelo Livro dos Espíritos[1], primeiramente pela questão de n° 676, in verbis:

 676. Por que o trabalho se impõe ao homem? 

FORMIGA“Por ser uma consequência da sua natureza corpórea. É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco de corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho.” (Grifou-se)

A expiação trata-se de um meio necessário ao progresso e evolução do indivíduo através da reparação de suas faltas e erros, os quais não se restringem ao ambiente familiar. Muitas vezes é no trabalho, local onde se passa a maior parte do dia, que se encontram as maiores dificuldades no trato com o próximo, tornando-se a maior escola no que se refere à expiação.

Ressalte-se ainda que, é por meio do trabalho o “aperfeiçoamento da inteligência”. O que seria do homem caso permanecesse inerte ao labor? Certamente teria suas capacidades físicas e intelectuais limitadas ao estado de infância, conforme expõe o item 3, do Capítulo XXV do Evangelho Segundo o Espiritismo[2] (Buscai e Achareis).

Ainda no E.S.E, afirma que “se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. Por isso é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo com o que hajas feito.” (Grifou-se)

Notadamente, a recompensa do trabalho será proporcional ao esforço. O mérito das conquistas cabe à luta e comprometimento empreendidos no trabalho.

Ao que tange a segunda indagação, se seria o homem isento de laborar tendo recursos suficientes para prover-se? A questão de n° 679 do Livro dos Espíritos esclarece:

679. Achar-se-á isento da lei do trabalho o homem que possua bens suficientes para lhe assegurarem a existência? 

sementes“Do trabalho material, talvez; não, porém, da obrigação de tornar-se útil, conforme aos meios de que disponha, nem de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que também é trabalho. Aquele a quem Deus facultou a posse de bens suficientes a lhe garantirem a existência não está, é certo, constrangido a alimentar-se com o suor do seu rosto, mas tanto maior lhe é a obrigação de ser útil aos seus semelhantes, quanto mais ocasiões de praticar o bem lhe proporciona o adiantamento que lhe foi feito.”

Ilustra a questão supracitada que o homem, mesmo provido de fundos suficientes para manter-se sem trabalho material, necessita ainda em síntese ser “útil aos seus semelhantes”. Ó ócio constituiria um retrocesso à evolução, pois não desenvolveria suas capacidades intelectuais, físicas e ainda estaria exercendo nitidamente o egoísmo ao deixar de assistir aos seus semelhantes.

Por conseguinte, a questão de n° 680 do Livro dos Espíritos, aborda a temática do individuo que não detém capacidades de labor:

 680. Não há homens que se encontram impossibilitados de trabalhar no que quer que seja e cuja existência é, portanto, inútil?

a-colheita (1) “Deus é justo e, pois, só condena aquele que voluntariamente tornou inútil a sua existência, porquanto esse vive a expensas do trabalho dos outros. Ele quer que cada um seja útil, de acordo com as suas faculdades.”

Assim, verifica-se que aquele impossibilitado de trabalhar, terá outro a lhe prover, e isto significa que cada um seja “útil de acordo com suas faculdades”. Então, faça com AMOR suas atividades, sejam elas remuneradas onde se tira o pró-labore, no lar, mas, sobretudo no TRABALHO PARA O CRISTO, pois Este não cessa em trabalhar por todos.


[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira. Disponível em www.febnet.org.br.

[2] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira. Disponível em www.febnet.org.br.

Receba o boletim informativo do GEAE

Artigos relacionados

Deixe seus comentários

Botão Voltar ao topo