A LEI DO TRABALHO




“E Jesus lhes respondeu: Meu Pai obra até agora, e eu trabalho também.”
(João, 5,17)
Ganhar os milhões sorteados na “Megassena da virada” certamente foi o sonho de muitos brasileiros. Ter dinheiro o bastante para sustentar-se e ainda garantir o futuro da família, traria segurança e tranquilidade aos seus dias. Não ter que trabalhar ou acordar cedo, enfrentar o trânsito, ou ainda não conviver com aquele chefe ou colega de trabalho do qual nunca se teve afinidade, seria a princípio um alívio na alma.
Contudo, esse sonho ou desejo de tantos, geram alguns questionamentos de ordem espiritual tais como: Por que trabalhar? Seria o homem isento do labor se tendo recursos suficientes para prover-se? E aquele que não possui aptidão física para a mão de obra?
Tais indagações podem ser claramente respondidas pelo Livro dos Espíritos[1], primeiramente pela questão de n° 676, in verbis:
676. Por que o trabalho se impõe ao homem?
A expiação trata-se de um meio necessário ao progresso e evolução do indivíduo através da reparação de suas faltas e erros, os quais não se restringem ao ambiente familiar. Muitas vezes é no trabalho, local onde se passa a maior parte do dia, que se encontram as maiores dificuldades no trato com o próximo, tornando-se a maior escola no que se refere à expiação.
Ressalte-se ainda que, é por meio do trabalho o “aperfeiçoamento da inteligência”. O que seria do homem caso permanecesse inerte ao labor? Certamente teria suas capacidades físicas e intelectuais limitadas ao estado de infância, conforme expõe o item 3, do Capítulo XXV do Evangelho Segundo o Espiritismo[2] (Buscai e Achareis).
Ainda no E.S.E, afirma que “se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. Por isso é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo com o que hajas feito.” (Grifou-se)
Notadamente, a recompensa do trabalho será proporcional ao esforço. O mérito das conquistas cabe à luta e comprometimento empreendidos no trabalho.
Ao que tange a segunda indagação, se seria o homem isento de laborar tendo recursos suficientes para prover-se? A questão de n° 679 do Livro dos Espíritos esclarece:
679. Achar-se-á isento da lei do trabalho o homem que possua bens suficientes para lhe assegurarem a existência?
Ilustra a questão supracitada que o homem, mesmo provido de fundos suficientes para manter-se sem trabalho material, necessita ainda em síntese ser “útil aos seus semelhantes”. Ó ócio constituiria um retrocesso à evolução, pois não desenvolveria suas capacidades intelectuais, físicas e ainda estaria exercendo nitidamente o egoísmo ao deixar de assistir aos seus semelhantes.
Por conseguinte, a questão de n° 680 do Livro dos Espíritos, aborda a temática do individuo que não detém capacidades de labor:
680. Não há homens que se encontram impossibilitados de trabalhar no que quer que seja e cuja existência é, portanto, inútil?
Assim, verifica-se que aquele impossibilitado de trabalhar, terá outro a lhe prover, e isto significa que cada um seja “útil de acordo com suas faculdades”. Então, faça com AMOR suas atividades, sejam elas remuneradas onde se tira o pró-labore, no lar, mas, sobretudo no TRABALHO PARA O CRISTO, pois Este não cessa em trabalhar por todos.
[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira. Disponível em www.febnet.org.br.
[2] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira. Disponível em www.febnet.org.br.